MAZZARI, Marcus Vinícius
Representações literárias da escola - São Paulo : IEA, set./dez. 1997
Obras que tematizam o choque do adolescente ou pré-adolescente com o meio hostil da escola constituem um tipo narrativo com expressiva representação na literatura ocidental. O presente ensaio procede inicialmente a um esboço da constelação temática característica dessas "histórias de internos ou alunos". Em seguida busca concretizá-lo - e ao mesmo tempo determinar as especificidades desse gênero literário - por meio de uma comparação entre os romances O Ateneu (1888) e As atribulações do pupilo Törless (1906). Nessas obras de juventude, fortemente autobiográficas, Raul Pompéia e Robert Musil lograram incorporar às narrativas sobre a traumática experiência dos meninos Sérgio e Törless, no microcosmo da escola, traços de comportamento e mentalidade que se objetivaram algumas décadas depois em realidade histórica. Aponta-se ainda, de maneira sumária, para a possibilidade de desdobrar o estudo comparativo com a inclusão da novela Gato e rato (1961), em que Günter Grass faz da relação conflitiva do adolescente Joachim Mahlke com o seu ginásio o ponto de fuga de uma representação radicalmente crítica da sociedade nacional-socialista. O final especulativo do ensaio procura descortinar uma vista para as questões ideológicas, pedagógicas e existenciais implicadas nessas pequenas narrativas que, aparentemente, tratam apenas de um drama mais ou menos comum do período escolar
Representações literárias da escola - São Paulo : IEA, set./dez. 1997
Obras que tematizam o choque do adolescente ou pré-adolescente com o meio hostil da escola constituem um tipo narrativo com expressiva representação na literatura ocidental. O presente ensaio procede inicialmente a um esboço da constelação temática característica dessas "histórias de internos ou alunos". Em seguida busca concretizá-lo - e ao mesmo tempo determinar as especificidades desse gênero literário - por meio de uma comparação entre os romances O Ateneu (1888) e As atribulações do pupilo Törless (1906). Nessas obras de juventude, fortemente autobiográficas, Raul Pompéia e Robert Musil lograram incorporar às narrativas sobre a traumática experiência dos meninos Sérgio e Törless, no microcosmo da escola, traços de comportamento e mentalidade que se objetivaram algumas décadas depois em realidade histórica. Aponta-se ainda, de maneira sumária, para a possibilidade de desdobrar o estudo comparativo com a inclusão da novela Gato e rato (1961), em que Günter Grass faz da relação conflitiva do adolescente Joachim Mahlke com o seu ginásio o ponto de fuga de uma representação radicalmente crítica da sociedade nacional-socialista. O final especulativo do ensaio procura descortinar uma vista para as questões ideológicas, pedagógicas e existenciais implicadas nessas pequenas narrativas que, aparentemente, tratam apenas de um drama mais ou menos comum do período escolar