Embora se saiba que a densidade demográfica seja produto do crescimento e da distribuição da população no território, essa densidade tem apresentado características bastante distintes, quando analisadas através dos dados das unidades federativas, nas últimas duas décadas. Detrminados pela evolução histórica, certos aspectos condicionam a concentração e distribuição de populações e causam a existência de fluxos migratórios no sentido rural-urbano, e de cidades ou localidades urbanas menores para as maiores, a ritmos cada ves mais acelerados. Antônio de Pontes Jardim, autor desse trabalho, parte do fato de que a acelerada urbanização alterou a dinâmica e a ocupação do território, e que o aumento da densidade média está ligado às modalidades do desenvolvimento que acentuaram, em grande parte, as desigualdades econômicas, sociais e demográficas e a estrutura do mercado de trabalho que a partir de 1960 se torna, em sua intensa maioria, urbana. A utilização de um índice de ocupação demográfica, conceito desenvolvido pelo autor, permite-lhe classificar o país em três áreas: zona de ocupação total, zona subocupada e zona vazia. Tendo como referência essa visão espacial, o autor efetua análises e considerações sobre a metropolização e a concentração da população e centros urbanos com 10 mil habitantes, complementando-as com uma avaliação das características sócio-econômicas da população, segundo as zonas de ocupação. Uma de suas conclusões é de que, considerando-se a dinâmica do desenvolvimento brasileiro, intimamente ligada às desigualdades regionais que induzem a uma crescente concentração de recursos e da população, em detrimento de uma distribuição mais "equitativa" entre população e território, o país permanecerá ainda por algum tempo em condições de subocupação relativa na maior parte do seu território

RSP jan./março de 1984

volume 112 número 1 1984