O mal-estar na contemporaneidade : performance e tempo
By: MATOS, Olgária.
Material type: ArticlePublisher: Brasília : ENAP, out./dez. 2008Revista do Serviço Público - RSP 59, 4, p. 455-468Abstract: Este ensaio propõe uma reflexão acerca da organização institucional do tempo e do trabalho segundo as exigências do capitalismo contemporâneo e as dinâmicas da modernidade, derivando na alienação e na dominação do homem pelo mercado mundializado. Essa lógica acaba por recusar a temporalidade da experi~encia, resultando no encolhimento do espaço do conhecimento, da liberdade, da felicidade e legando ao homem a parda do sentido e do mestrado do tempo e de sua vida. Tal ideal é regido pelo princípio do desempenho, rendimento e performances do trabalhador em seu ofício-lógica essa atravessada pela competitividade e uma espécie de cultura do ódio que promove a eliminação e a ferocidade em lugar da cooperação e da solidariedade, apoderando-se ainda de espaços democráticos importantes, como a educação, que deixa de ser "educação para a liberadade" para se tornar "educação para a adaptação".Abstract: O tempo na contemporaneidade e o trabalho direcionado a metas, performances são fatalizados pela ordem das urgências, ou seja o culto dos meios e o esquecimento dos fins. Nesse contexto, conceitos como tédio e monotonia devem ser demarcados e diferenciados. Enquanto o tédio configura a temporalidade do passado que se repete continuamente no presente, sem que isso signifique a perda do futuro, a monotonia é um tempo estagnado, um temporalidade que se exprime na ansiedade de "matar o tempo". É um mal moderno, um tempo patológico, pois seu vazio de significado tem o stress como ideal, já que na monotonia o tempo não passa, pois está alienado na perda do sentido das ações. O mal-estar contemporâneo se expressa em um sentimento de monotonia ou "tédio crônico", conduzindo à desvalorização de todos os valores. Na vida política contemporânea, "ser é ser percebido", fórmula narcisista, regressiva e onipotente de ocupação do espaço público, uma lógica do espetáculo que corresponde à do consumo e à substituição permanente de mercadorias, quando nada preenche a carência que elas próprias suscitam. Enfim, o mal-estar contemporâneo disposto nesse tempo patológico está circunscrito a um mundo no qual só conta a lei do valor, não o mundo humano, mas o do capital, sem espaço para fraternidade, amizade e compaixãoEste ensaio propõe uma reflexão acerca da organização institucional do tempo e do trabalho segundo as exigências do capitalismo contemporâneo e as dinâmicas da modernidade, derivando na alienação e na dominação do homem pelo mercado mundializado. Essa lógica acaba por recusar a temporalidade da experi~encia, resultando no encolhimento do espaço do conhecimento, da liberdade, da felicidade e legando ao homem a parda do sentido e do mestrado do tempo e de sua vida. Tal ideal é regido pelo princípio do desempenho, rendimento e performances do trabalhador em seu ofício-lógica essa atravessada pela competitividade e uma espécie de cultura do ódio que promove a eliminação e a ferocidade em lugar da cooperação e da solidariedade, apoderando-se ainda de espaços democráticos importantes, como a educação, que deixa de ser "educação para a liberadade" para se tornar "educação para a adaptação".
O tempo na contemporaneidade e o trabalho direcionado a metas, performances são fatalizados pela ordem das urgências, ou seja o culto dos meios e o esquecimento dos fins. Nesse contexto, conceitos como tédio e monotonia devem ser demarcados e diferenciados. Enquanto o tédio configura a temporalidade do passado que se repete continuamente no presente, sem que isso signifique a perda do futuro, a monotonia é um tempo estagnado, um temporalidade que se exprime na ansiedade de "matar o tempo". É um mal moderno, um tempo patológico, pois seu vazio de significado tem o stress como ideal, já que na monotonia o tempo não passa, pois está alienado na perda do sentido das ações. O mal-estar contemporâneo se expressa em um sentimento de monotonia ou "tédio crônico", conduzindo à desvalorização de todos os valores. Na vida política contemporânea, "ser é ser percebido", fórmula narcisista, regressiva e onipotente de ocupação do espaço público, uma lógica do espetáculo que corresponde à do consumo e à substituição permanente de mercadorias, quando nada preenche a carência que elas próprias suscitam. Enfim, o mal-estar contemporâneo disposto nesse tempo patológico está circunscrito a um mundo no qual só conta a lei do valor, não o mundo humano, mas o do capital, sem espaço para fraternidade, amizade e compaixão
RSP out./dezembro de 2008
ano 59 número 4 2008
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