Constata-se que a matriz fundadora do Planejamento Urbano no Brasil está em processo de mudança. A transição se apresenta sob a forma de crise. A matriz anterior foi inspirada no ideário modernista adaptado ao Estado-providência, nos anos chamados "trinta gloriosos". A nova matriz, ainda não definida, se fundamenta no mercado e na flexibilidade.

Especula-se sobre o papel do planejamento urbano no Brasil já que o país nem é acabadamente moderno e fordista e nem viveu exatamente um Estado-providência, característicos da matriz que inspirou o planejamento urbano durante décadas.

Algumas características da formação da sociedade brasileira são destacadas para explicar a contradição que marca a gestão urbana no Brasil: regras rígidas vivendo com a mais absoluta flexibilidade no uso e ocupação do solo, em diferentes áreas de uma mesma cidade. Assim como a cidadania é apenas para alguns, a regulação urbanística também.

Os cursos de Planejamento Urbano e Regional e as equipes dos órgãos públicos estão ligados ao paradigma antigo, mas já é possível identificar novos conceitos e idéias que podem constituir as bases de uma nova matriz. Da mesma forma que a primeira, esses conceitos vêm de fora e são incorporados praticamente sem mediações, em que pesem as diferenças entre as diversas realidades urbanas.

Volume 11

Fascículo 1-2