Justiça como igualdade? A percepção da elite e do povo brasileiro
By: SCALON, Celi.
Material type: ArticlePublisher: Porto Alegre : UFRGS, jul./dez. 2007Online resources: Acesso Sociologias : Riqueza e desigualdades 9, 18, p. 126-149Abstract: Os estudos sobre as desigualdades sociais no Brasil concentram-se, em geral,Abstract: nas dimensões objetivas do fenômeno, como sexo, cor, renda, ocupação e escolaridade.Abstract: A amplitude do fosso entre ricos e pobres, graças às pesquisas já realizadas,Abstract: é razoavelmente conhecida, mas pouco se sabe sobre a maneira como osAbstract: brasileiros vêem essa disparidade. Em 2000, como parte do International SocialAbstract: Survey Programme tentou-se preencher essa lacuna com um survey aplicado aAbstract: representantes das elites nacionais, entendendo-se por elites indivíduos pertencentesAbstract: ao grupo dos 10% mais ricos do país. A pesquisa, de abrangência nacionalAbstract: 2 mil entrevistas em 195 municípios , buscou revelar diferenças entre as percepçõesAbstract: da elite e do povo acerca da desigualdade. As questões levantadasAbstract: pelo survey diziam respeito à imagem que os dois grupos têm da sociedade brasileiraAbstract: e da forma como ela está estruturada; as remunerações que seriam adequadasAbstract: para trabalhadores de diferentes níveis de qualificação; os valores que deveriamAbstract: prevalecer na distribuição da riqueza do país; os maiores problemas do Brasil;Abstract: e as estratégias preferenciais de cada grupo para a redução da pobreza, comAbstract: destaque para o papel do Estado. As respostas revelaram convergências e divergênciasAbstract: surpreendentes entre povo e elite. Os dois grupos percebem a extensão dasAbstract: desigualdades sociais no país, mas tendem a defender estratégias distintas paraAbstract: reduzi-las, transferindo a solução das desigualdades ao Estado. Essas aproximaçõesAbstract: e diferenças de pontos de vista podem oferecer elementos importantes paraAbstract: se compreender os mecanismos de legitimação das desigualdades.Os estudos sobre as desigualdades sociais no Brasil concentram-se, em geral,
nas dimensões objetivas do fenômeno, como sexo, cor, renda, ocupação e escolaridade.
A amplitude do fosso entre ricos e pobres, graças às pesquisas já realizadas,
é razoavelmente conhecida, mas pouco se sabe sobre a maneira como os
brasileiros vêem essa disparidade. Em 2000, como parte do International Social
Survey Programme tentou-se preencher essa lacuna com um survey aplicado a
representantes das elites nacionais, entendendo-se por elites indivíduos pertencentes
ao grupo dos 10% mais ricos do país. A pesquisa, de abrangência nacional
2 mil entrevistas em 195 municípios , buscou revelar diferenças entre as percepções
da elite e do povo acerca da desigualdade. As questões levantadas
pelo survey diziam respeito à imagem que os dois grupos têm da sociedade brasileira
e da forma como ela está estruturada; as remunerações que seriam adequadas
para trabalhadores de diferentes níveis de qualificação; os valores que deveriam
prevalecer na distribuição da riqueza do país; os maiores problemas do Brasil;
e as estratégias preferenciais de cada grupo para a redução da pobreza, com
destaque para o papel do Estado. As respostas revelaram convergências e divergências
surpreendentes entre povo e elite. Os dois grupos percebem a extensão das
desigualdades sociais no país, mas tendem a defender estratégias distintas para
reduzi-las, transferindo a solução das desigualdades ao Estado. Essas aproximações
e diferenças de pontos de vista podem oferecer elementos importantes para
se compreender os mecanismos de legitimação das desigualdades.
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