O Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia e o panoptismo imperfeito
By: Acselrad, Henri
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Confrontadas à complexidade das dinâmicas socioterritoriais concretas, as discussões técnicas sobre o Zoneamento ecológico-econômico (ZEE) aplicado à Amazônia expressam a angústia anticartesiana de um planejamento de pretensões holísticas. O que se apresentam como dificuldades metodológicas e falta de sustentabilidade política do ZEE refletem o que De Certeau chamou de um enorme resto feito de sistemas culturais múltiplos e fluidos, situados entre as maneiras de se utilizar o espaço e o planejamento. As ditas dificuldades metodológicas seriam a expressão da tensão entre o espaço geometrizado, estático e relativamente homogêneo da idealização zoneadora, e o território usado enquanto forma-conteúdo em processo de mudança. As contradições evidenciadas pela experiência do ZEE na Amazônia nos mostram que se considerarmos os três momentos de sua realização de pré-compreensão do mundo da ação, de configuração do ordenamento proposto e de mediação social o campo de intervenção política não se limita ao momento da decisão final, mas perpassa todo o processo. O zoneamento desencadeia uma reinterpretação dos direitos aos recursos que termina por se chocar com a ideia de um consenso que se quer fundado na verdade ecológica do território, desvelada pela força da prática e da imagética classificatórias
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