ARBIX, Glauco

Social-democracia sem concertação? As câmaras setoriais no ostracismo - São Paulo : Cebrap, Novembro 1995

A câmara automotiva impulsionou decisivamente a recuperação setorial da indústria, com impacto sobre o conjunto da economia Brasileira. Decidindo com base no consenso, a câmara conformou-se - ainda que parcialmente - como um espaço paradigmático de diálogo, elaboração e implementação de políticas industriais. O seu caráter tripartite, que contou com a participação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, símbolo da CUT, marcou um momento novo nas relações entre empresas, sindicatos de trablhadores e Estado, através de um jogo diferente do soma zero e da redução da taxa de conflitos. Depoisde um período virtuoso, a ação governamental vem drenando seu poder de interferência na definição de políticas industriais. Mesmo assim, sua experiência indica que é possível a transformação negociada das relações de trabalho e uma definição democráticas industriais em nosso país. O dilema é que o desempenho governamental parece estar apontando para uma estratégia de recusa da concertação, com impacto sobre as formas de convivência democráticas construídas nos últimos anos