SIEVERS, Burkard

Além do sucedâneo da motivação - São Paulo : FGV, Jan./Mar. 1990

A imagem do homem tal qual é apresentada pelas teorias organizacionais predominantes na área da motivação não é compatível com as experiências do autor ao trabalhar com pessoas em diferentes empresas. Essa dissonância é responsável pela polêmica gerada em torno do conceito de motivação e auxilia a apontar as deficiências teóricas de cada abordagem, principal mente no que diz respeito à própria realidade das pessoas nas organizações. Entretanto, o principal argumento deste ensaio vem de uma perspectiva metacrítica, segundo a qual a noção de motivação e as teorias que a ela se referem poderiam ser vistas como invenções científicas. A hipótese levantada e trabalhada no artigo coloca a motivação como um substituto para o próprio sentido do trabalho. E esse sentido que, analogamente ao sentido da própria vida, vem sendo crescentemente perdido em virtude da alta fragmentação e divisão do trabalho em nossas organizações contemporâneas. Qualquer tentativa para descobrir as dimensões existenciais do sentido do trabalho enquanto real significado só poderá ter sucesso se cientistas sociais, administradores e trabalhadores, tanto no plano individual como no coletivo, voltarem a reconhecer a morte como um fato da vida. Assim, será somente pelo reconhecimento da finitude da vida que a humanização do trabalho poderá ocorrer