Buarque, Cristovam

Teoria econômica e meio ambiente - Brasília : FUNCEP, out./dez. 1983

Para a teoria econômica, a natureza é apenas um depósito de recursos naturais que devem ser transformados em bens e serviços da forma mais rápida possível. A teoria econômica ignora, desta forma, o impacto ecológico das atividades produtivas. isto se deve, sobretudo, ao êxito do avanço técnico ocorrido nos últimos duzentos anos, o que permitiu o crescimento contínuo (salvo últimos curtos períodos de depressão) da produção econômica. O avanço técnico permitiu a ridicularização dos prognósticos malthusianos de que a terra apresentava um limite ao crescimento ecnômico, prevalecendo na conseqüência uma visão otimista, entre todos os economistas, fossem de formação neoclássica ou marxista. Modernamente, devido à realidade do consumismo e graças aos instrumentais de análise de sistema, de processamento de dados e ao acúmulo de dados estatísticos o otimismo deu lugar a uma grande dúvida sobre o futuro da economia mundial, ao constatar-se que, de um lado, há o risco de esgotamento real de recursos naturais antes que a tecnologia os substitua por outros mais baratos e, de outro, a sociedade começa a pagar um elevado custo decorrente da poluição ambiental. Lamentavelmente, a ciência econômica "tradicional" encontra-se impotente para incorporar o problema do meio ambiente nas suas análises, devido aos seguinte aspectos: a visão nacional em que baseia sua análise; as dificuldades de prever-se modificações tecnológicas e sociais dentro do curto horizonte em que a ciência considera seu processo; e, finalmente, a característica de tratar com os meios meteriais de satisfação e não com a própria razão de ser do homem. Isto porém, parte superado se incorporam modificações na visão economicista, tanto ao nível macro como ao nível micro