OWY, Michael
Eric Hobsbawm, sociólogo do milenarismo campesino
- São Paulo : IEA, 2010
Graças à problemática do milenarismo, a historiografia de Eric Hobsbawm integra toda a riqueza da subjetividade sociocultural, a profundidade das crenças, sentimentos e emoções em sua análise dos acontecimentos históricos, que não são mais, nessa perspectiva, percebidos simplesmente como produtos do jogo “objetivo” das forças econômicas ou políticas. Ainda distinguindo cuidadosamente os milenarismos primitivos dos revolucionários modernos, não deixa de mostrar sua afinidade eletiva. Isso não quer dizer que todos os movimentos revolucionários sejam milenaristas em sentido estrito ou, pior todavia, que respondam a um quiliasmo de tipo primitivo. Isso não impede afirmar que a afinidade entre os dois seja um fato fundamental na história das revoltas camponesas contra a modernização capitalista. Trata-se de uma das hipóteses de investigação mais interessantes esquematizadas em seus trabalhos desta época. Hobsbawm ilustra seus propósitos com dois estudos de caso apaixonantes: o anarquismo rural na Andaluzia e as ligas camponesas da Sicília, os dois surgidos em fins do século XIX com prolongamentos no XX