MOTA, Flávio Perazzo Barbosa <br/><br/>
E-procurement público brasileiro :   nem só de lances se faz um pregão / 
por Flavio Perazzo Barbosa Mota e José Rodrigues Filho. -- 
 - Rio de Janeiro :  EnANPAD,  2010. 
 - 17 p. :  il. ; tabs. 
<br/><br/>Inclui bibliografia. 
<br/><br/> As iniciativas de Governo Eletrônico (e-gov) representam um desafio para o processo de <br/>reformulação de gestão na Administração Pública (AP). Os impactos organizacionais não <br/>antecipados da introdução de uma nova ferramenta eletrônica são corriqueiros, podendo <br/>representar falha ou negligencia na importância dada a aspectos humanos e contextuais <br/>(MUSSI, 2008). Assim, no desenvolvimento e uso do e-procurement público, ferramenta <br/>inserida no contexto do e-gov, é necessário analisar além dos fatores técnicos em termos <br/>econômicos (COULTHARD; CASTLEMAN, 2001), pois aspectos políticos, sociais e <br/>organizacionais podem contribuir para a contenção dos benefícios desta tecnologia na AP <br/>(HENRIKSEN; MAHNKE, 2005; LUNA-REYES et al., 2005). Este artigo se concentra na <br/>temática do e-procurement público, por meio do pregão, utilizada no contexto da AP <br/>brasileira para a aquisição de bens e serviços comuns por meio do portal Comprasnet. <br/>Objetiva-se identificar, por meio de um estudo múltiplo de casos interpretativo, realizado em <br/>cinco instituições públicas federais brasileiras e utilizando-se de entrevistas semi-estruturadas, <br/>observação direta e análise documental, os aspectos referentes às propriedades institucionais, <br/>à AP e usuários, bem como ao próprio e-procurement,, de forma a ampliar o entendimento <br/>dos fenômenos associados a esta iniciativa. Assim, por meio da aplicação da análise de <br/>conteúdo qualitativa proposta por Gläser e Laudel (2009), identificou-se: (1) cinco dimensões <br/>relacionadas às propriedades institucionais - (a) mudança de mentalidade, (b) reestruturação <br/>do trabalho, (c) aspectos políticos, (d) controle administrativo e (e) transparência. As <br/>propriedades institucionais das instituições públicas brasileiras afetam os resultados do <br/>processo de forma positiva e negativa, influenciando o processo decisório e as rotinas <br/>associadas ao e-procurement. Outrossim, a percepção de maior controle e transparência <br/>administrativa conduz a um aumento de poder em direção à AP, que, mesmo assim, não se <br/>traduz em uma mudança de mentalidade em todas as instituições federais investigadas; (2) <br/>identificou-se três dimensões relacionadas à fatores relativos à AP e aos usuários do e-procurement - (a) capacitação; (b) satisfação com o e-procurement e (c) resistência. Não se <br/>evidenciou consenso em todas as dimensões identificadas, refletindo em diferentes <br/>interpretações de cada ator organizacional para com o e-procurement; (3) foi possível <br/>identificar seis dimensões relacionadas a fatores relativos ao e-procurement - (a) integração; <br/>(b) celeridade; (c) desenvolvimento institucional; (d) especificações e recebimento dos bens e <br/>serviços a serem licitados; (e) ferramentas do sistema; (f) estrutura tecnológica. Evidenciou-se <br/>que o e-procurement carrega consigo riscos, confirmando que as TICs nem sempre são <br/>capazes de gerar os efeitos esperados. Além disso, percebe-se que a AP possui uma variedade <br/>de objetivos que nem sempre se relacionam apenas com questões econômicas, comprovando <br/>que o e-procurement não é uma iniciativa fácil de ser implementada, carregando consigo uma <br/>série de dificuldades e questões mal resolvidas, que merecem maior atenção por parte da AP 
<br/><br/><label>Subjects--Topical Terms: </label><br/>Pregão (Licitação pública)--(subd. geog.)<br/>Compras Governamentais<br/>Governo Eletrônico<br/>Administração Pública--e-procurement